quinta-feira, 4 de junho de 2009

Sonho de uma tarde de verão.

"Talvez seja verdade que duendes existam, que fadas estão por aí, que fiandeiras teçam nosso destino aos pés de uma árvore. Faz-me bem esta crença. Faz-me bem cheiro de terra com lenha. Faz-me bem tardes chuvosas com músicas nostálgicas. Faz-me bem o ato de mexer no cabelo dos outros. E faz-me bem mexerem no meu cabelo.

Passei a definir a minha verdade. Definitivamente, não quero seguir nessa estrada com um peso morto em minhas costas. Não quero segurar uma pedra onde minha opinião foi gravada a ferro por terceiros. Pretendo escrevê-la a lápis num bloco de notas barato, para que ela possa estar sempre aberta a mudanças. Lapidá-la-ei com o tempo, com a mesma calma que um joalheiro lapida um delicado diamante. Só quero que no final ela valha todo o meu esforço. Valha cada passo dado, cada centímetro desta jornada.

Mas enquanto eu estiver caminhando, vou me demorar todo o tempo que for possível. Vou sentar em todas as copas de árvores grandes e confortáveis onde eu souber que existam serezinhos mágicos. Vou olhar em cada espelho que souber que poderá aumentar minha neurose quanto a cabelos, espinhas, sobrancelhas. Vou parar em cada esquina onde tocar um som vibrante de rock'n'roll e eu souber que lá posso encontrar pessoas rindo e batendo os cabelos. Vou me afastar da minha personalidade para ser dominada por alguma outra bem mais interessante em cima de um palco, e pretendo me demorar o maior tempo possível por lá. Explorarei os cantos mais sujos desta nova personalidade, procurando nela alguma explicação para a minha própria. Vou sentar em algum lugar macio [às vezes, nem tão macio assim], fechar os olhos e viajar para outros mundos na primeira nota de flauta que me vier à mente. Pretendo me sentar numa pedra e contemplar o pôr-do-sol em todos os dias que chovam bastante, esses mesmos que deixam o final da tarde com um lindo brilho rosa e laranja. Quero parar em algum lugar e ler romances folhetinescos à luz de vela. Outras vezes, não precisam ser tão folhetinescos e nem tão precariamente iluminados assim.

De uma coisa eu tenho certeza, mesmo que seja a filosofia mais barata do mundo: este segundo não volta, e não tenho chance de consertá-lo a menos que eu faça o próximo valer dez vezes mais a pena. Portanto, é só isso que quero a partir de hoje: fazer valer a pena. Não importa como, quando, onde e nem por que. O que importa é que tudo deve valer a pena. "

Parido por mim, em algum dia frio de dezembro de 2008.

7 comentários:

  1. Adorei, adorei. Já tinha visto uma vez, mas nunca tinha lido inteiro.
    Belíssimo. u.u hasudhausdhsda

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. eu amo você e as suas coisas mentais, ela me lembram muito as minhas, mas eu sou neurótica, eu transformo tudo numa circular linear linha que pra mim faz sentido. ou não.

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  4. www.travessaservilhasavessas.blogspot.com, entra lá!

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  5. faz, claro que faz. o dia foi especificamente dia 25 de dezembro. choveu o dia todo, esfriou a noite toda ;)

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