segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Not so far.

Pra começar, eu deveria pedir perdão de joelhos por toda essa minha ausência louca e doentia. Acabo de perder, assim, minha mísera meia-dúzia de leitores. Mas tudo bem. Já perdi a cabeça, o estômago e a sanidade, que mal há em perder leitores?

Olha, quer saber de uma coisa? Tô pirando. Mesmo. O mundo tá me pirando, o tempo tá me pirando, os estupros temporais pré-vestibular também estão me pirando. A recém-descoberta gastrite (nervosa, que fique bem claro!) acaba comigo e com todo o meu esquema de alimentação. As crises de falta de ar, sintomas de ansiedade, também. Em suma: acho que dormir, comer, respirar e andar de bicicleta só existe mesmo em filmes.

Esse calor insuportável parece que tá correndo atrás de mim que nem o Cascão corre de água. Os dias não são nem um pouco amenos, ora muito quentes, ora chuvosos demais. E o pior: só chove no molhado. Sinto uma indisposição que nenhuma grávida de nenhuma época na história seria capaz de sentir. Talvez todas elas se juntem e sintam pena de mim: "olha lá, tadinha! Sofrendo tudo o que juntas nós não sofremos em nove meses." Coisa horrorosa. Por falar nisso, peguei mania dessa palavra. "Horrorosa". Sei lá, talvez porque reflita meu estado de espírito.

Mudando de assunto, não vou mudar de assunto coisa nenhuma. Há dias o disco só roda desse lado. Me sufoca ser número. Me sufoca ser mais um numa lista de aprovações usada como publicidade e que não receberei um centavo em cima. Me irrita profundamente a voz doce com que ela chega dizendo para não pararmos no meio do caminho, não jogarmos a toalha, me irrita como ela olha nos nossos olhos e se sente tão materna. Me irritam os artifícios que ela usa para nos manipular e nos pressionar como se fôssemos marionetes prontas para cair num cenário desconhecido. Ninguém vai segurar meus fios na hora. Ninguém não vai querer nem saber se eu estou ou não disposta a me apresentar vulgarmente num teste físico e psicológico de proporções diabólicas, de passar horas e horas sentadas com o inimigo à minha frente. E foda-se tudo isso. E eu não quero que se foda. Acabo de me contradizer. Foda-se de novo. Não sei nem meu nome mais, vou saber o que digo ou o que faço? Me poupe. Ou melhor, foda-se.

Desculpem-me a vulgaridade do linguajar. Mas mais vulgar mesmo é o teste. Ele é quem deveria vir aqui me pedir desculpa de joelhos, massagear meus pés, minhas costas, me pôr numa hidromassagem, me dar champagne e me fazer um corte de cabelo ma-ra-vi-lho-so. Porque estou enlouquecida por causa dele. Ele rouba todas as minhas noites. Me tira o sono, a fome e invade meus dias mesmo sem eu querer. Me faz pensar em mil coisas ao mesmo tempo, delirar, sentir frio e calor simultanamente. E olha que eu nem estou apaixonada. Eu o odeio. Com todas as minhas forças.
Ponto final.