sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O mundo é cão, Sebastião.

Não sei ordenar belas palavras e nem escrever sobre coisas bonitas quando estou mal ou nem-tão-bonitas quanto estou meio-mal ou coisas más quando estou feliz ou qualquer coisa do tipo possível, imaginável, inimaginável, e blá. O fato é que não sei escrever. Não consigo, não flui, tenho um terível horroroso perigoso bloqueio mental continental interfluvial que gela. Meu senhor jesus maria josé, estou num bloqueio. HÁ. Parei de pensar, bip, câmbio desligo, bip.

E até que enfim, eu não aguentava mais ter que pensar em coisas bonitinhas e blá, coisas bonitinhas me enchem o saco, blás também me enchem o saco porque representam uma infinidade de idéias não-contínuas segmentadas em círculos ou espirais; aliás, espiral é o verdadeiro símbolo de infinito porque engloba tudo e não acaba. Adeus, oito deitado, tirei seu posto e passei pra uma espiral esquisita. Bip, câmbio desligo de novo, bip.

Há alguns dias parei de saber o que é jornal, apostila, juízo, lista de presença e blá. Estou num ostracismo opcionalmente desejado, ah como é bom não saber o que se passa no senado uma vez na vida. Pode me chamar do que quiser, mas eu digo, repito e treafirmo, desgraça enjoa. E puta merda, como enjoa. E a minha garganta dói e minha cabeça explode e meus sentidos estão cambaleando há três dias, e não é desgraça mas dói.

A Teka é um cão de Deus. Era tudo o que eu precisava ouvir. A Teka é um cão de Deus enquanto Bonzo é um animal cruel que dorme com uma camiseta velha do Iron Maiden. E tudo nesse mundo é um trio elétrico piscante, uma vez que estamos com as luzes de natal enfeitando a cidade, papais-noéis por todos os cantos distribuindo balas em caminhões de coca-cola, as lojas abrem até tarde encorajando todos a gastarem quatro horas a mais do seu dia e do seu salário, além das máquinas de churros que funcionarão até mais mais mais tarde do que de costume, afinal, a Teka é um cão de Deus, e Bonzo é fêmea. O pobre mundo está de cabeça pra baixo e ninguém parece se importar com cachorras que têm nomes de cachorros.

Passei o dia alimentada por cataflan, uma crônica do Ferreira Gullar e um pedaço pequeno de lasanha, e já são quinze pras cinco. Não estou de pijama, embora eu deseje isto ardentemente. Me ofereceram uma cerveja, não aceitei, maldito seja o juízo e a inflamação na garganta. Escrevo coisas sem sentido. Meu namorado não me ligou, o calor está escaldante e minha cachorra dorme no sofá, enquanto a minha mãe se delicia num banho provavelmente gelado. Como é bom não ter stress e poder falar qualquer porcaria que me vem à cabeça. Como é bom dormir sem acordar desesperada e sem ar no meio da noite, gritando Ê É IGUAL A ÊME VEZES CÊ AO QUADRADO! Como é bom pensar que toda esta porcaria de vestibular acabou e eu vou ter que me preocupar com isso só semana que vem, quando saírem as listas de convocação pra segunda fase. Como vai ser massante ler uma bibliografia monstruosa, preparar uma cena e recapitular matérias de três anos. Em um mês. Vai ser bom. Vai ser difícil. Mas dia vinte e cinco vou comer peru, e isso ninguém me tira da cabeça.

Bip. Câmbio desligo. Bip.
Parou de fluir.

Um comentário:

  1. Thaís, parabéns pelo prêmio, pelos textos e persista no seu talento da escrita. Você pode até a vir ganhar dinheiro com isso, mas nada é melhor do que ter o ego massageado por elogios.

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